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Oposição implacável

22/10/2009


A reclamação da governadora Yeda Crusius de que sofre com uma oposição implacável como nenhum outro governador sofreu só pode ser explicada pelo tempo em que ela viveu em Brasília, longe do dia a dia da política do Rio Grande do Sul. Desde Alceu Collares, só um governador escapou da oposição implacável: foi Germano Rigotto (PMDB), eleito com o mote da pacificação do Estado.

Pelo estilo de Rigotto, apelidado de “atrito zero” pelos próprios assessores, até os petistas mais radicais tinham dificuldade para fazer oposição. Ele simplesmente cortava caminho quando era chamado para a briga.

Collares foi o primeiro a conhecer oposição implacável. Fustigado pela CPI da Propina e pela oposição dos professores ao calendário rotativo, sofria críticas permanentes na Assembleia.

Implacável também foi a oposição do PT a Antônio Britto. Não teve efeito prático nos quatro anos de mandato porque a maioria governista patrolou qualquer tentativa de barrar os projetos do governo, mas o desgaste apareceu na eleição de 1998: Britto perdeu para Olívio Dutra.

Do primeiro ao último dia de governo, Olívio sofreu com uma oposição duríssima. Passou mais de três anos com uma ameaça de impeachment pairando sobre sua cabeça por ter “mandado a Ford embora”. Comandada por Cézar Busatto e Mario Bernd, a oposição não deu trégua em nenhum momento, impediu a aprovação de projetos e coroou sua atuação com a CPI da Segurança Pública.

A grande diferença em relação a Yeda é que seus aliados forneceram combustível à oposição desde o início. A Operação Rodin só existiu porque antigos companheiros que tiveram interesses contrariados municiaram a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, e as conversas cifradas de aliados do governo alimentaram suspeitas. A oposição pegou carona, amplificou as denúncias e tornou públicos os diálogos, mas a matéria-prima veio de quem estava do outro lado.


(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)

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