E a transparência não veio
05/11/2008
Miki Breier
A saída da secretária Mercedes Rodrigues revela a continuidade da crise política que acompanha este governo estadual desde antes da posse da governadora Yeda. A incapacidade de construir um diálogo saudável até mesmo com seus secretários originou a maior troca no primeiro escalão de um governo nos últimos anos. "Espero que o meu gesto seja uma advertência para que se parta do esforço para a ação". A frase da ex-secretária simboliza o que já foi manifestado por outros que já desembarcaram do governo e que nem para oficializar a exoneração conseguiram contato com a chefe do Poder Executivo.
Alguém precisa lembrar a senhora governadora de que não se pode governar somente com uma calculadora na mão. Não queremos tirar o mérito do esforço em zerar o déficit orçamentário do Estado, mas um governo não se resume a fazer contas. Quem quer construir um governo para todos precisa saber ouvir, precisa dialogar com todas as forças vivas da sociedade. Se nem mesmo com seus aliados a governadora consegue estabelecer um diálogo harmonioso, pouco podemos esperar de sua relação com a oposição ou mesmo com os movimentos sociais.
A questão é que a transparência não é uma realidade neste governo. Até porque criar uma Secretaria de Transparência parece desobrigar as demais. Isso lembra o antigo Ministério da Desburocratização, que expirou atolado na burocracia. Mercedes Rodrigues chegou com muita vontade, disposição e empenho. Sai três meses depois com os sentimentos que se abatem sobre boa parte do Rio Grande, como a frustração e a desconfiança de que foi mais uma idéia infeliz deste governo.
Deputado estadual/PSB
Fonte: Jornal do Comércio
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