Tipo exportação
08/01/2009
 Eram
cinco e se chamavam Grupo do Museu. No entardecer do governo Germano
Rigotto (2003-2006), se reuniam no bistrô do Museu de Arte do Rio
Grande do Sul (Margs) e faziam o que àquela altura equivalia a jogar
conversar fora: tramavam a chegada do pequeno PSDB gaúcho ao governo do
Estado. Todos lembram do dia em que um deles disse:
– Acho que dá para ganhar e fazer um ajuste fiscal no Estado.
Nascia
assim o mote da campanha vitoriosa ao Piratini da única mulher do
grupo, a hoje governadora Yeda Crusius. Os outros quatro assumiram
posições de destaque: Carlos Crusius, marido e conselheiro, e os
secretários Daniel Andrade, de Infraestrutura, Fernando Schüler, da
Justiça, e Aod Cunha, da Fazenda. O último foi o autor da frase
encorajadora.
Aod ficou com a tarefa mais árdua: interromper 40
anos de desordem nas contas, à frente de um setor delicado do
funcionalismo, o dos servidores da Fazenda. Contra o ajuste, houve duas
derrotas de pacotes fiscais na Assembleia, CPIs e queda de secretários.
A favor, o fim de dois anos de estiagem, a arrancada da economia e uma
negociação de troca de dívida com o Banco Mundial (Bird). No final de
2008, o Piratini anunciou o chamado déficit zero um ano antes do prazo
dado por Yeda.
Aod
sai do governo com a sensação de missão cumprida e sem ter sido
engolido pelos escândalos que derrubaram ex-colegas. A receita mais
óbvia para apagar a contribuição profissional de alguém é dissolvê-la
no “mérito da equipe”. Felizmente para o governo, a secretaria liderada
por Aod permanecerá intacta enquanto seu ex-titular se dedica,
provavelmente nos Estados Unidos, a fazer do ajuste gaúcho um modelo
tipo exportação.
(Fonte: Zero Hora)
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