Governadora anuncia pacote anticrise amanhã

Na reunião com o secretariado, ontem pela manhã, a governadora Yeda Crusius determinou que a principal orientação do Executivo é trabalhar ações que ampliem a geração de emprego para minimizar os efeitos da crise no Rio Grande do Sul.
"A crise se tornou aguda e nós temos que priorizar investimentos e gastos que contribuam para a criação e manutenção de empregos", afirmou, acrescentando que, desde setembro do ano passado, o governo está analisando o impacto da crise.
A governadora decidiu criar um comitê ampliado desse grupo de trabalho para tratar especificamente das ações anticrise. A primeira reunião ocorre hoje. O pacote com as iniciativas já adotadas e as medidas a serem incorporadas a partir de agora será divulgado amanhã pela manhã.
"Creio que a crise terá um ápice nesse semestre e precisamos estar preparados. Na agenda do governo agora essa é a prioridade. Estamos nos reunindo semanalmente", destacou.
Yeda disse que não pretende fazer cortes no orçamento e nem reduzir investimentos. "Não vamos fazer como outros governadores que tiveram que contingenciar custeio, não é o nosso caso. Os investimentos previstos estão mantidos", enfatizou.
A governadora conta com o crescimento da receita para garantir o cumprimento da peça orçamentária. "Vamos ver se conseguimos aumentar a arrecadação para que os investimentos previstos no orçamento estejam garantidos".
Segundo a governadora, o critério para a utilização dos recursos será a capacidade de geração de empregos. "Quanto mais empregos gerar, mais prioritário será o investimento. Essa crise vai transformar o mundo. Então, é preciso preparar a mão-de-obra para um novo ciclo e, para isso acontecer, é preciso avaliar qual será esse novo ciclo", ponderou.
A Fundação de Economia e Estatística (FEE), a pedido da governadora, vem elaborando um estudo sobre o impacto da crise de crédito e, mais recentemente, da crise setorial. "Estamos colhendo os resultados de ações que começamos em setembro, prevenindo para que a crise não seja agudizada no Estado", avaliou.
A governadora não descartou a inclusão de medidas fiscais no pacote anticrise. "Estamos recebendo sugestões que estão sendo analisadas", disse, ao admitir a possibilidade de redução de impostos para setores que não demitirem funcionários.
"São medidas temporárias. A gente enfrenta crise assim. Depois pode-se voltar ao índice original. É política de curto prazo", completou.
Yeda também confirmou que hoje será publicado o edital para a realização de concurso para três mil brigadianos. "Finalmente, foram ultrapassadas todas as barreiras burocráticas. Posso celebrar com vocês o compromisso de que em junho já haverá três mil brigadianos treinados nas ruas do Rio Grande do Sul".
Na semana que vem, Yeda viaja para fora do Estado para dar palestras sobre o déficit zero e as medidas adotadas no Rio Grande do Sul para enfrentar a crise econômica. Ela disse que tem convites de governadores e de prefeitos. O roteiro, que incluirá quatro cidades, será definido nos próximos dias.
Yeda não pretende tirar férias em fevereiro, como havia sinalizado, mas quer diminuir o ritmo de atividades. "Vou apenas pegar mais leve porque é uma necessidade. Acho que todos deviam pegar mais leve no verão", afirmou.

Custo de consultoria da
GAD foi "zero pila", diz Yeda
A polêmica sobre a estratégia de comunicação do governo também foi abordada na reunião do secretariado. Yeda Crusius comunicou que a plataforma de comunicação será assumida pelo gabinete da governadora. "Essa plataforma será construída a cada dia", afirmou.
A área da comunicação, frequentemente questionada na gestão tucana, voltou a gerar conflito na quinta-feira passada, durante a reunião que discutiu a Agenda Estratégica 2009. O então presidente do Conselho Estadual de Comunicação Social, Carlos Crusius, marido de Yeda, fez uma fala veemente contra a proposta de nova marca e identidade do governo apresentada pelo diretor-presidente da GAD Design, Luciano Deos.
"Fiz com o Luciano Deos um contrato de risco. Nessa modalidade, a gente assina depois que passa a zona de risco. Comuniquei ontem (terça-feira) ao Luciano que terminou o nosso contrato porque o risco para ele (Luciano) começou a ser muito grande. Portanto, o custo foi 'zero pila'", afirmou Yeda.
A governadora garantiu que não foi assinado nenhum contrato com Deos. Ela contou como surgiu a proposta de trabalho. "Não tem contrato. Eu pedi ao Luciano Deos, gaúcho, que foi exportado para São Paulo de tão bom que é. Ele é uma figura que, uma vez completado o ciclo dos números de 2008, eu fui buscar".
Yeda informou que pretende aproveitar o que foi apresentado por Deos. "Não quero expor ninguém, mas a técnica da plataforma eu quero usar na comunicação da governadora e na agenda da governadora", acrescentou.
A governadora demonstrou irritação quando foi questionada pelos jornalistas qual era, no momento, a sua relação política com Carlos Crusius. "Vocês querem saber da relação política, da relação de cama-mesa e banho? Sobre qual vocês querem saber? Eu não vou falar sobre isso".
Yeda acrescentou ainda que o governo está aberto a colaborações. "Qualquer pessoa pode contribuir politicamente com o governo. O que foi extinto foi o Conselho de Comunicação, que foi uma falha apontada. Quando criamos a Secretaria-Geral de governo ele deveria ser automaticamente extinto, pois já estava incorporado pela pasta".
Na sexta-feira passada, foi publicado no Diário Oficial o decreto de extinção do Conselho Estadual de Comunicação Social, criado por decreto no início do governo, com a tarefa de acompanhar e supervisionar ações de divulgação, publicidade e comunicação das administrações direta e indireta. Antes de Crusius, outros dois integrantes da área da Comunicação Social, os jornalistas Paulo Fona e Isara Marques, já haviam sido exonerados.