Além de buscar novos ares , a governadora Yeda Crusius iniciou ontem um roteiro pelo país como garota-propaganda do PSDB nacional. Os tucanos estão empenhados em desfazer a imagem de caos político e financeiro que predominou nos últimos dois anos no Palácio Piratini e se espalhou pelo noticiário nacional.

Às vésperas da eleição presidencial, na qual o PSDB vai apostar todas as fichas para derrubar a hegemonia do PT, a recuperação da estima da tucana é parte da estratégia. O fracasso de Yeda poderia afetar o resultado positivo que o PSDB conquistou nas urnas em 2006 com a vitória ao governo do Estado e de Geraldo Alckmin entre os gaúchos. Já o sucesso do governo Yeda ajudaria a difundir o receituário tucano.

Os argumentos que serão apresentados pela governadora já foram exaustivamente propagandeados no Estado: articulação do empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco Mundial para substituir o pagamento de dívidas mais caras, economia nos gastos, maior eficiência na arrecadação. Como exemplo, Yeda poderá lembrar que, em janeiro do ano passado, o salário dos funcionários públicos era pago com atraso e os fornecedores, para terem a perspectiva de receber o que lhes era devido, precisavam se submeter a um leilão.

Agora, há um ingrediente a mais. O discurso da tucana deverá mostrar que o ajuste fiscal será decisivo para o Rio Grande do Sul atravessar a crise mundial. Para tanto, Yeda leva embaixo do braço uma projeção encomendada à Fundação de Economia e Estatística do Estado. Segundo o estudo, os R$ 2,3 bilhões previstos no orçamento com investimentos do Executivo e das estatais, em 2009, terão impacto favorável no PIB e na geração de empregos. O foco está na construção civil, especialmente para habitação popular e infraestrutura dos transportes. Com esses números, que ainda não estão totalmente fechados e não foram divulgados, Yeda tentará dar uma cara social ao déficit zero.

A batata do Pontal

Os defensores da derrubada do veto do prefeito José Fogaça ao Pontal do Estaleiro apostam que o governo não irá se empenhar para manter a posição do prefeito.

Se o veto for mantido e, depois, for aprovado o projeto de Fogaça sobre o tema, prevendo a realização de um referendo antes de ser autorizada a construção de edifícios residenciais na região do Pontal, os vereadores estão dispostos a fixar prazo para a prefeitura realizar a consulta. Dizem que, assim, devolveriam uma “batata quente” ao prefeito.

A partir de quinta-feira, o veto passa a trancar a pauta.

- No ano passado, 20 vereadores aprovaram o projeto. Desses, 15 se reelegeram, mas quatro estão no Executivo e não participarão da votação. São necessários 19 votos para derrubar o veto.

Controle das viagens

Quando reunir a nova mesa diretora da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, hoje às 16h, o presidente Sebastião Melo (PMDB) irá propor que as viagens de vereadores ao Exterior sejam aprovadas antes pelo plenário.

Atualmente, é preciso autorização só da presidência, que não costuma indeferir pedidos que estejam dentro da cota de cada parlamentar.

DUPLA IMBATÍVEL

Na vitória previsível de José Sarney e seu apoiador nº 1, Renan Calheiros, até quem votou contra a eleição de Sarney se entusiasmou ao fim do dia.

O senador Pedro Simon, que declarou voto em Tião Viana (PT) para a presidência do Senado, gostou das promessas de reforma tributária, política e combate ao excesso de medidas provisórias do Planalto:

– Se Sarney fizer o que está falando, serei o primeiro a estar do lado dele – disse Simon.

Além de considerar Calheiros o grande vitorioso nesse processo, Simon falou sobre a sorte do ex-presidente da República:

– Tem algumas pessoas que a gente diz que nasceram com aquilo voltado para a Lua. O senador nasceu com a Lua voltada para aquilo.

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Do périplo para divulgar os resultados de seu governo pelo país, Yeda só anunciou a primeira parada, Brasília.

Memória

A exemplo de Fetter Júnior (PP), prefeito de Pelotas que enfrenta o cenário de desolação e mortes deixado pela enxurrada na região, o ex-prefeito Fernando Marroni (PT) sofreu com uma enchente em 2004.

Por ter ocorrido pouco antes da campanha eleitoral daquele ano, o petista amargou acusações feitas por adversários de que teria sido negligente com ações para evitar os alagamentos.

Imagens de Marroni que, ao observar o excesso de água que vertia de uma barragem, dizia “Tá bom para surfista” foram usadas pelo vencedor daquela eleição, Bernardo de Souza (PPS), de quem Fetter era o vice.

Não, obrigado

O PP está mesmo com dificuldades para indicar um substituto a Otomar Vivian para a presidência do IPE. Ontem, o terceiro nome apresentado ao governo do Estado para a função, Pedro Bertolucci, declarou que não ocupará a vaga.

Ex-prefeito de Gramado, Bertolucci fará consultorias na área de turismo.

Políticos gaúchos se dividiram, ontem, entre Nossa Senhora dos Navegantes e as homenagens ao ex-deputado e radialista Cândido Norberto, na Assembleia Legislativa.

Foi o caso do ex-governador Olívio Dutra, que esteve em ambos os locais.

Participantes notaram que a procissão sofreu sensível redução na presença de autoridades este ano em relação a 2008, talvez por ser feriadão, talvez por não ser ano eleitoral.

MIRANTE

- O Portal Transparência, do governo do Estado, que irá apresentar detalhes sobre o uso dos recursos públicos, deverá começar a funcionar em março.

- Uma das principais apostas da Secretaria de Educação para 2009, o novo Plano de Carreira do Magistério, deverá ser remetido para o Legislativo em abril ou maio.

- A TV Assembléia irá reprisar, durante a semana, entrevista gravada em 2007 com o ex-deputado Cândido Norberto.

ALIÁS

A mágoa do PMDB com Yeda irá aumentar se, em seu giro nacional, a governadora enfatizar só os problemas herdados de Germano Rigotto e não disser que foi favorecida por ações iniciadas no passado.