Contra o relógio
04/01/2010
Fazer em seis meses o que não foi feito em três anos. Essa é a meta da gestão Yeda Crusius a partir desta segunda-feira, quando 2010 começa oficialmente nas repartições públicas. Depois de 2007 e 2008 de contas apertadas, seguidos de um 2009 de crise econômica, todos temperados por polêmicas e poucos investimentos, o ano que se inicia tem elementos para fazer o governo decolar. Dinheiro, pelas perspectivas otimistas de arrecadação, não faltará, e a poeira levantada por escândalos baixou. Alguns poréns, no entanto, prejudicam a equação.
Como é o último ano de governo, megaobras dificilmente ficariam prontas. Por ser ano eleitoral, após julho, candidatos são impedidos de faturar com inaugurações. O Executivo também pode esquecer do que depender de aval da Assembleia e não tiver um apelo incontestável. Preocupados em garantir um novo mandato, os deputados estão com a cabeça em outra órbita. Pensam em agendar visitas, rodar o Estado e fazer agrados ao maior número possível de eleitores. Comprar brigas, nem pensar.
Outro desafio é vencer a lentidão da burocracia, que nos últimos três anos se mostrou ineficaz em áreas sensíveis, como a construção de presídios. Dos R$ 1,2 bilhão previstos para investimentos em 2009 do Executivo, foram empenhados até 30 de dezembro R$ 780 milhões. O valor efetivamente pago é bem menor: cerca de R$ 500 milhões.
Correndo contra o tempo, o governo promete um janeiro gordo, com máquinas a todo vapor. A ideia é não dar tempo para a ressaca das festas e começar o mês gastando: R$ 60 milhões a mais do que um janeiro normal.
Em xeque
Sem conseguir fazer as reformas com as quais havia se comprometido com o Banco Mundial, o governo já reconhece que dificilmente receberá a segunda parcela do empréstimo de R$ 1,1 bilhão da instituição.
A primeira parte, de US$ 650 milhões, foi utilizada para fazer o governo economizar, quitando dívidas mais caras.
Como não havia data estabelecida para o cumprimento das metas, os recursos poderão ser liberados inclusive em governos futuros, reconhece a Secretaria da Fazenda.
Pendências
Entre as medidas que tinham entusiasmado os executivos do Banco Mundial, mas que foram frustradas até agora, estão a reestruturação das carreiras de Estado e a reforma da previdência. Também estão incluídos outros itens que o governo denomina “modernização da gestão”, como a utilização de Oscips na administração de órgãos públicos. Das seis Oscips prometidas, apenas uma foi colocada em prática.
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O acordo com o Banco Mundial em baixa parece ser uma das razões para o governo gastar com asfalto R$ 700 milhões originados da capitalização do Banrisul, inicialmente previstos para reestruturar a previdência.
Aliás
Como a oposição nunca foi entusiasta do empréstimo do Banco Mundial e os governistas não estão dispostos a tecer críticas ao Palácio Piratini, dificilmente haverá quem faça barulho se a operação não for concluída nesta gestão.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora - 03/01/10)
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